Portal Online Pro: Análise - Resident Evil: The Mercenaries 3D [3DS]

Análise - Resident Evil: The Mercenaries 3D [3DS]



Resident Evil é uma amada série. Desde 1996, ela satisfaz seus fãs com um mix de terror, ação e história. Certos episódios marcaram mais que outros – certamente você tem algum de sua preferência. Resident Evil 5, o mais recente, teve uma grande aceitação, embora desde o RE4 a série meio que mudou sua fórmula, deixando de lado o terror em prol de mais ação.


Indiferente a essa mudança, além da campanha tradicional, existe uma modalidade extra que se tornou recorrente dentro da franquia a partir de Resident Evil 3, conhecida hoje como Mercenário. Esse modo nada mais era do que um mistura de Time Attack com Survival Mode, onde o objetivo é correr do ponto A ao ponto B, eliminando inimigos para ganhar bônus de tempo, e assim bater seus próprios recordes. Destrancáveis como roupas extras eram oferecidos como recompensa pela conclusão dessas fases.


Até aí, tudo bem. Mercenaries serviu muito bem para ampliar a longevidade de vários capítulos dessa série, mas nunca imaginamos que um dia ele se tornaria um jogo vendido à parte. A Capcom, que ultimamente anda atirando para todos os lados, resolveu fazer isso: colocar seu mini-game em um único cartucho de 3DS, e colocá-lo à venda por preço completo. Mas será que o jogo possui conteúdo suficiente para se manter?


A resposta, pelo que vocês puderam ver, está meio óbvia. Resident Evil: The Mercenaries 3D é uma coletânea de conteúdo reutilizado que pouco traz de novo. Totalmente baseado em Resident Evil 5, o jogo traz cenários desse jogo, assim como fases de RE4 , ajustados para funcionar como uma arena fechada onde o objetivo é matar o maior número de inimigos no tempo determinado pela fase. O total de missões é 20, e todas elas se passam em 11 cenários diferentes, mas todos eles reaproveitados dos jogos anteriores da série.


Mercenaries 3D usa inimigos dos dois games citados, mas o mesmo não pode ser quanto aos protagonistas. Leon S. Kennedy é uma ausência perceptível, além de Sheva, já que ela é das mais recentes. Inicialmente, só há dois personagens selecionáveis: Chris Redfield e Jill Valentine. Assim como tudo no jogo, os demais são destrancáveis, incluindo Claire Redfield, Barry Burton, Rebecca Chambers, Wesker, Hunk e Jack Krauser, totalizando oito personagens no total. Cada um deles possui seu próprio arsenal e golpe de proximidade, e é isso que diferencia um do outro, já que a movimentação é a mesma. Barry, por exemplo, vem equipado com sua Magnum, enquanto Rebecca vem com uma submetralhadora e um lançador de granadas – apenas Jill e Krauser usam a famosa faquinha, por exemplo. Cada um deles também tem uma roupa extra e pode equipar até três de 36 habilidades destrancáveis (como melhor mira, mais resistência a mortes instantâneas, etc.). Já deu para perceber que o mote do jogo é destrancar tudo. Até mesmo a última fase de cada capítulo é destrancável.


O visual do game é bastante similar a RE5, mas com ressalvas. Os modelos dos protagonistas e dos inimigos são bem detalhados como nas versões de consoles, mas nota-se que há uma redução geral na quantidade de polígonos, o que gera contornos menos suaves em todos os objetos do game. Além disso, quando os inimigos estão distantes, eles não se movimentam suavemente – em vez disso se projetam, como estivessem faltando muitos quadros de animação. Não chega a atrapalhar a experiência, exceto se você estiver desesperado por acertar um Majini em movimento enquanto o tempo está acabando. Mas, para uma estreia no portátil da Nintendo, RE tem qualidade nesse quesito. E ainda há o elemento 3D, que de fato oferece uma nova visão daquilo que já conhecíamos. No caso desse jogo, é bem mais interessante jogar com a função ligada – exceto nos momentos de maior ação, como quando temos de apertar o botão Y para ressuscitar ou apertar uma sequência de botões para escaparmos de um agarrão.


O sistema de controle em Mercenaries 3D é o mesmo de RE5, ou seja, não possui a mesma liberdade tradicional dos jogos em terceira pessoa. Você não pode, por exemplo, mudar a câmera, e seu personagem não anda de lado. Com a alavanca única do portátil, ele anda para frente, trás e rotaciona para os lados. Na hora de mirar, porém, o jogo passa para primeira pessoa, e segurando o L é possível andar para frente, trás e de lado, sem tirar a mira do lugar. Para girar 180º rapidamente, basta colocar para trás e apertar A. É verdade que isso torna seu personagem bastante "preso", mas ao mesmo tempo torna cada inimigo praticamente um confronto pessoal, já que a seus personagens não são super-humanos velozes. Foi uma forma interessante de fazer o jogador se sentir mais perto da ação.


Mas, apesar da boa qualidade visual, dos controles e grande quantidade de destrancáveis, Mercenaries 3D acaba não sendo mais do que um mini-game mais complexo. Matar Granados e Majinis acaba ficando repetitivo e em pouco tempo. Mesmo com o cooperativo para dois jogadores, local ou via internet, as fases não ficam tão mais atraentes assim. A longevidade do game é seu maior defeito – e não o fato de você não poder apagar o save game, algo que não nos atrapalhou de forma alguma. Ruim vai ser para quem jogar depois da gente no mesmo cartucho, já que haverá personagens, fases, habilidades e roupas já destrancadas, e ele não vai poder começar um jogo "limpo".


Se você é superfã da série e está ansioso por Revelations, Mercenaries 3D pode ser uma opção bacana – ele vem até mesmo com a demo desse jogo. Mas, depois de experimentar algumas fases e ficar matando Majinis e Granados, sentimos falta de algo mais profundo, tipo uma história, que realmente nos fizesse voltar para o jogo. Destrancar coisas é sempre legal, mas Mercenaries não possui o mesmo acabamento de um jogo canônico da série, e por isso não passa um mini-game mais bombado, que sequer faz jus ao preço completo visto a quantidade de elementos reaproveitados de jogos anteriores. Aperitivo para Revelations? Talvez. Mas só se você conseguir comer o mesmo tira-gosto, dia após dia, até chegar o prato principal.

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